domingo, 26 de setembro de 2010

A MULHER ESQUELETO

A Mulher Esqueleto é uma história de caça a respeito do amor

“Ela havia feito alguma coisa que seu pai não aprovava, embora ninguém mais se lembrasse do que havia sido. Seu pai, no entanto, a havia arrastado até os penhascos, atirando-a ao mar. Lá, os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos. Enquanto jazia no fundo do mar, seu esqueleto rolou muitas vezes com as correntes.

Um dia um pescador veio pescar. Bem, na verdade, em outros tempos muitos costumavam vir a essa baía pescar. Esse pescador, porém, estava afastado da sua colônia e não sabia que os pescadores da região não trabalhavam ali sob a alegação de que a enseada era mal-assombrada.

O anzol do pescador foi descendo pela água abaixo e se prendeu - logo em que! - nos ossos das costelas da Mulher-esqueleto. O pescador pensou: “Oba, agora peguei um grande de verdade! Agora peguei um mesmo!” Na sua imaginação, ele já via quantas pessoas esse peixe enorme iria alimentar, quanto tempo sua carne duraria, quanto tempo ele se veria livre da obrigação de pescar. E enquanto ele lutava com esse enorme peso na ponta do anzol, o mar se encapelou com uma espuma agitada, e o caiaque empinava e sacudia porque aquela que estava lá embaixo lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava, tanto mais ela se enredava na linha. Não importa o que fizesse, ela estava sendo inexoravelmente arrastada para a superfície, puxada pelos ossos das próprias costelas.

O pescador havia se voltado para recolher a rede e, por isso, não viu a cabeça calva
surgir acima das ondas; não viu os pequenos corais que brilhavam nas órbitas do crânio; não viu os crustáceos nos velhos dentes de marfim. Quando ele se voltou com a rede nas mãos, o esqueleto inteiro, no estado em que estava, já havia chegado a superfície e caia suspenso da extremidade do caiaque pelos dentes incisivos.

- Agh! - gritou o homem, e seu coração afundou até os joelhos, seus olhos se esconderam apavorados no fundo da cabeça e suas orelhas arderam num vermelho forte.
- Agh! - berrou ele, soltando-a da proa com o remo e começando a remar loucamente na direção da terra. Sem perceber que ela estava emaranhada na sua linha, ele ficou ainda mais assustado pois ela parecia estar em pé, a persegui-lo o tempo todo até a praia.
Não importava de que jeito ele desviasse o caiaque, ela continuava ali atrás.
Sua respiração formava nuvens de vapor sobre a água, e seus braços se agitavam como se quisessem agarrá-lo para levá-lo para as profundezas.

- Aaagggggghhhh! - uivava ele, quando o caiaque encalhou na praia. De um salto ele estava fora da embarcação e saia correndo agarrado a vara de pescar.
E o cadáver branco da Mulher-esqueleto, ainda preso a linha de pescar, vinha aos solavancos bem atrás dele. Ele correu pelas pedras, e ela o acompanhou.
Ele atravessou a tundra gelada, e ela não se distanciou. Ele passou por cima da carne que havia deixado a secar, rachando-a em pedaços com as passadas dos seus mukluks.

O tempo todo ela continuou atrás dele, na verdade até pegou um pedaço do peixe congelado enquanto era arrastada. E logo começou a comer, porque há muito, muito tempo não se saciava. Finalmente, o homem chegou ao seu iglu, enfiou se direto no túnel e, de quatro, engatinhou de qualquer jeito para dentro.
Ofegante e soluçante, ele ficou ali deitado no escuro, com o coração parecendo um tambor, um tambor enorme. Afinal, estava seguro, ah, tão seguro, é, seguro, graças aos deuses, Raven, é, graças a Raven, é, e também a todo-generosa Sedna, em segurança, afinal.

Imaginem quando ele acendeu sua lamparina de óleo de baleia, ali estava ela - aquilo - jogada num monte no chão de neve, com um calcanhar sobre um ombro, um joelho preso nas costelas, um pé por cima do cotovelo. Mais tarde ele não saberia dizer o que realmente aconteceu. Talvez a luz tivesse suavizado suas feições; talvez fosse o fato de ele ser um homem solitário. Mas sua respiração ganhou um que de delicadeza, bem devagar ele estendeu as mãos encardidas e, falando baixinho como a mãe fala com o filho, começou a soltá-la da linha de pescar.

- Oh, na, na, na. - Ele primeiro soltou os dedos dos pés, depois os tornozelos.
- Oh, na, na, na. - Trabalhou sem parar noite adentro, até cobri-la de peles para aquecê-la, já que os ossos da Mulher-esqueleto eram iguaizinhos aos de um ser humano.

Ele procurou sua pederneira na bainha de couro e usou um pouco do próprio cabelo para acender mais um foguinho. Ficou olhando para ela de vez em quando enquanto passava óleo na preciosa madeira da sua vara de pescar e enrolava novamente sua linha de seda. E ela, no meio das peles, não pronunciava palavra - não tinha coragem - para que o caçador não a levasse lá para fora e a jogasse lá embaixo nas pedras, quebrando totalmente seus ossos.

O homem começou a sentir sono, enfiou-se nas peles de dormir e logo estava sonhando.
Às vezes, quando os seres humanos dormem, acontece de uma lágrima escapar do olho de quem sonha. Nunca sabemos que tipo de sonho provoca isso, mas sabemos que ou é um sonho de tristeza ou de anseio. E foi isso o que aconteceu com o homem.

A Mulher-esqueleto viu o brilho da lágrima a luz do fogo, e de repente ela sentiu uma sede daquelas. Ela se aproximou do homem que dormia, rangendo e retinindo, e pôs a boca junto a lágrima. Aquela única lágrima foi como um rio, que ela bebeu, bebeu e bebeu até saciar sua sede de tantos anos.

Enquanto estava deitada ao seu lado, ela estendeu a mão para dentro do homem que dormia e retirou seu coração, aquele tambor forte.
Sentou-se e começou a batucar dos dois lados do coração: Bom, Bomm!... Bom, Bomm!

Enquanto marcava o ritmo, ela começou a cantar em voz alta.

- Carne, carne, carne! Carne, carne, carne!
- E quanto mais cantava, mais seu corpo se revestia de carne.
Ela cantou para ter cabelo, olhos saudáveis e mãos boas e gordas.
Ela cantou para ter a divisão entre as pernas e seios compridos o suficiente para se enrolarem e dar calor, e todas as coisas de que as mulheres precisam.

Quando estava pronta, ela também cantou para despir o homem que dormia e se enfiou na cama com ele, a pele de um tocando a do outro. Ela devolveu o grande tambor, o coração, ao corpo dele, e foi assim que acordaram, abraçados um ao outro,enredados da noite juntos, agora de outro jeito, de um jeito bom e duradouro.

As pessoas que não conseguem se lembrar de como aconteceu sua primeira desgraça dizem que ela e o pescador foram embora e sempre foram bem alimentados pelas criaturas que ela conheceu na sua vida debaixo d'água.
As pessoas garantem que é verdade e que é só isso o que sabem.” 


A tal história do "Dia 6"

Há algum tempo eu me sentia preparada para viver um relacionamento de forma madura e profunda. Minha procura era por um homem que fosse realmente companheiro, tivesse sua própria individualidade mas que tivesse sintonia comigo em valores ligados a respeito, espiritualidade, responsabilidade, cuidado... Eu queria que esse encontro viesse como uma oportunidade de transformação mútua dentro de um processo evolutivo.
Conheci um homem que entrou na minha vida, na minha casa, na minha alma tão rápida e intensamente que não houve nenhum momento de dúvida ou medo. A proposta de morarmos juntos para nos conhecermos na convivência diária vinha de encontro ao que eu esperava: um homem de atitude! A mudança não parou por aí... esse homem tinha 3 filhos adolescentes sob a guarda dele!!! Então... milhares de novidades. Durante quase 2 anos, a convivência rendeu situações inéditas para mim e entre dificuldades, alegrias, erros e acertos, o resultado foi um aprendizado que só trouxe motivos para agradecimento.
Mas... o famoso mas...
Mas morávamos "como se fôssemos casados"e   vivíamos "como se fôssemos uma família". Para que tudo  isso fosse mais verdadeiro, senti necessidade de realizar um Ritual para Celebramos a União de Amor que já tínhamos. Proposta aceita, marcamos o Ritual para o dia 6 DE FEVEREIRO DE 2010.


6 DE FEVEREIRO = o Ritual foi todo uma criação própria, realizado dentro de um CÍRCULO, misturando elementos que foram sagrados ao nosso relacionamento. Uma amiga querida foi a sacerdotisa da cerimônia contando a história A MULHER ESQUELETO. Nossas famílias participaram de um a OFERENDA (ao som da ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO) em que a simbologia incluía os 4 ELEMENTOS e o PROCESSO DE SEMEAR E COLHER.
Os VOTOS SAGRADOS durante a troca de alianças foi a declamação da singela e belíssima música TE OFEREÇO PAZ!(http://www.youtube.com/watch?v=RCoHD3SNAFo). Vários outros detalhes e lembranças, tudo lindo, tudo emocionante! Momentos de LUZ! No blog do fotógrafo tem um slide para espiar (http://eduardofoto.com/blog/?p=206)
 
A "Lua de Mel" (que não aconteceu) foi o marco da Descida ao Mundo das Trevas. Aos poucos, todos os planos de uma vida em comum foram se desfazendo; o respeito, acabando; o humor, oscilando; os valores, mudando... agressividade, compulsão, intolerância, egoísmo, falta de limite, negatividade foram ganhando força e ocupando espaço. 

6 DE MAIO = apenas 3 meses após a Celebração da União, a separação foi decidida da forma mais insensível e irresponsável. Fui lançada a uma realidade cruel: convivi com um DESCONHECIDO! Quando percebi meu corpo apenas vagava sem alma e sem rumo... perplexo e em colapso. Perdi o apetite e o sono, parei de menstruar por meses seguidos, tive crise de labirintite - sinais do forte estresse. Fui afastada  dotrabalho e aproveitei os dias de licença médica para mudar de casa.  A solidão se refletia em cada uma das paredes, olhava a minha volta em não encontrava mais a família que estávamos construindo... Apenas o choro cortava o insistente silêncio que denunciava a minha dor.


6 DE JUNHO =  novamente reencontrei meu ex-marido, mas naquele dia tive a consciência de estar completando 1 mês de separação ao mesmo tempo em que deveríamos estar comemorando 4 meses de casamento. Minha família e amigos insistiam que o tempo iria ajudar a diminuir o sofrimento, mas eu não me reconhecia, não reconhecia minha vida. Nessa época a mensagem "TUDO PASSA"  de Chico Xavier / Emmanuel  era  a minha fonte de esperança nos momentos  mais difíceis.(http://www.youtube.com/watch?v=WNUsqeWjZSw). Passados alguns dias, iniciou-se um período de tentativa de retomarmos nosso relacionamento aos poucos.

6 DE JULHO = dia da constatação de que o encanto já havia sido definitivamente desfeito e qualquer tentativa seria infrutífera. Ainda passaram-se longos dias de Luto até que um anjo veio anunciar a chegada de um Novo Tempo. No dia mais improvável encontrei uma pessoa mágica que falou as palavras certas que me resgataram da escuridão e me trouxeram de novo à Luz! A cada frase dita, eu reconhecia uma verdade que ecoava na minha alma e lembrei a mim mesma tudo aquilo que sempre me guiou: meus valores!


6 DE AGOSTO =  Ritual de Renovação! Fiz uma reciclagem em várias áreas em que haviam referências ao casamento. Com uma felicidade inimaginável, me desfiz de objetos que não me pertenciam e reuni amigos para, como uma FÊNIX, celebrar a Nova Vida renascendo de minhas próprias cinzas!

6 DE SETEMBRO =  O Chamado! Esse foi o dia em que tomei uma atitude e resolvi iniciar a criação deste blog sem me dar conta de que estava fechando um ciclo e iniciando outro. Sincronicidade!!!! 

Esse foi o contexto em que eu estava quando iniciei a minha Jornada Heróica, o "MUNDO COMUM".


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Entendendo a Jornada

Os 12 Estágios da Jornada do Herói

  1. Mundo Comum - O mundo normal do herói antes da história começar.
  2. O Chamado da Aventura - Um problema se apresenta ao herói: um desafio ou a aventura
  3. Reticência do Herói ou Recusa do Chamado - O herói recusa ou demora a aceitar o desafio ou aventura, geralmente porque tem medo.
  4. Encontro com o mentor ou Ajuda Sobrenatural - O herói encontra um mentor que o faz aceitar o chamado e o informa e treina para sua aventura.
  5. Cruzamento do Primeiro Portal - O herói abandona o mundo comum para entrar no mundo especial ou mágico.
  6. Provações, aliados e inimigos ou A Barriga da Baleia - O herói enfrenta testes, encontra aliados e enfrenta inimigos, de forma que aprende as regras do mundo especial.
  7. Aproximação - O herói tem êxitos durante as provações
  8. Provação difícil ou traumática - A maior crise da aventura, de vida ou morte.
  9. Recompensa - O herói enfrentou a morte, se sobrepõe ao seu medo e agora ganha uma recompensa (o elixir).
  10. O Caminho de Volta - O herói deve voltar para o mundo comum.
  11. Ressurreição do Herói - Outro teste no qual o herói enfrenta a morte, e deve usar tudo que foi aprendido.
  12. Regresso com o Elixir - O herói volta para casa com o "elixir", e o usa para ajudar todos no mundo comum

Reticências...

Dei uma pausa para comemorar meu aniversário antes de retomar minhas primeiras tentativas de mergulhar em minhas divagações. Durante esse tempo, algumas sementes já foram se classificando por si só. Algumas respostas foram alcançadas enquanto outras perguntas surgiram.

Senti necessidade de começar lentamente, por partes... Preciso me reorganizar! Retomar o início... minha história antes do "Chamado" para só depois me lançar às inevitáveis Tarefas. E isso tem um sentido imenso hoje: depois de comemorar meu aniversário com uma festa intitulada "Pro Dia Nascer Feliz!", retomar a dor sentida na escuridão da noite faz com que  a possibilidade de Transformação surja. 

As histórias são sempre um bálsamo pro coração... então vamos a elas! 

 

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tarefinhas...

Se eu tivesse planejado não teria pensado numa tarefa tão perfeita pra um dia 6!
Tarefas... A Jornada de Psiquê se iniciou!
A primeira tarefa: separar grãos - DISCERNIMENTO!
Isso me deu uma idéia... vou pensar...
Eros e Psiquê
Boa Noite!

Fases e Faces do Feminino

Mandala das Deusas

O Princípio

Natureza

Fluidez

Instinto

Calor do Fogo

Encanto no Ar

Luz

Energia da Água

Rainha do Mar

Profundo

O Oculto

Luz e Sombra

Conhecimentos

Sabedoria

Luz da Verdade

Menina... Mulher... Anciã

Jornada Cíclica

A Senhora

A Sacerdotisa

Intuição

Magia

A Caçadora

Mulheres que correm com os lobos

Alegria

A Beleza da Força... ou... A Força da Beleza

Dança

Pureza

Delicadeza

Conforto

Vaidade

Multiplicidade

Recolhimento

Espiritualidade

Etérea

Proteção

Compaixão

Cálice

Roda do Coração

Kundalini

Prazer

O Encontro

Hieros Gamos

Amor

Renovação